O Urso-Pardo do Gerês

Sabia que, há pouco mais de 300 anos, existiam ursos em Portugal? E que a maior parte estava localizada aqui mesmo, no Gerês? Parece brincadeira, mas a verdade é que o urso-pardo era uma espécie bastante presente na região até à Idade Média, conforme refere a documentação da época.

Muitos forais do século XI a XIII declaravam a obrigação de entrega das patas dos ursos caçados, como tributo ao rei ou seus representantes. Outros documentos mencionavam a escassez de ursos e a proibição da sua caça. Além destes documentos, há ainda achados arqueológicos que o confirmam.

Ao contrário da imagem que passa nas histórias infantis, este urso não era um devorador de homens – apesar de haver relatos de ataques. O urso-pardo que por aqui viveu alimentava-se de plantas, bagas, frutos secos, insetos, mamíferos e peixes. Sem esquecer o mel, guloseima favorita desta espécie que obrigava à construção dos chamados muros apiários (os chamados silhos dos ursos), que chegavam a ter mais de 3 metros e que protegiam as colmeias dos ataques de ursos.

Há registos da sua existência um pouco por todo o país, mas foi nesta região que a sua presença foi mais notada. O abate do último urso-pardo em Portugal foi feito aqui, no Gerês, em 1650. Alguns investigadores admitem, no entanto, que possam ter resistido até ao século XX. Há registos de presença de ursos na Serra de Montesinho, em 1905 e 1920, havendo ainda relatos de um animal abatido já no verão de 1946, a 5 quilómetros de Melgaço.

Conhecido por ter pelo castanho-escuro, o urso-pardo-europeu pode medir entre 1,70 m e 2,50 m de comprimento, sendo que a altura chega a atingir os 3 metros quando fica de pé. Pesa até 280 quilos, sendo que as fêmeas são bastante mais leves, podendo pesar 160 quilos.

© Quinta dos Carqueijais, 2017