Os lobos do Gerês
O lobo é uma das espécies mais odiadas e temidas, sendo a sua má reputação alimentada por histórias e mitos associados ataques a humanos. Na verdade, é entre o gado que aquela espécie tem causado estragos, havendo ainda hoje registo de rebanhos inteiros atacados por lobos.
Em Portugal, a espécie está ameaçada de extinção, resistindo cerca de 300 exemplares do lobo-ibérico, boa parte deles existente na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Aqui vivem em estado selvagem, alimentando-se daquelas que são as suas presas naturais, como é o caso do corço e do javali.
É também no Gerês que está em curso um projeto, financiado pela Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico, que monitoriza 10 lobos que transportam dispositivos GPS. Do número inicial (15), cinco deles já foram mortos por ação humana, sendo que pelo menos dois terão sido abatidos por caçadores, o que revela o quanto este animal está em risco de extinção.
O lobo-ibérico é uma subespécie do lobo-cinzento, com tamanho entre os 130 e os 180 cm de comprimento (macho) e entre 130 a 160 cm (fêmea). O peso de um macho adulto pode atingir os 30 a 40 kg, enquanto as fêmeas ficam-se pelos 25 a 35 kg. A cabeça é grande e maciça, com orelhas triangulares, e a cor da pelagem pode ser castanho amarelado, acinzentado mesclado ou negro.
É considerado um animal “tímido”, pelo que a sua observação é muito rara, havendo, no entanto, relatos de avistamentos nas zonas de Castro Laboreiro, Pitões das Júnias e Gavieira.
O estudo mais recente sobre a espécie data de 2003, altura em que foram detetadas 65 alcateias e um total de aproximadamente 300 animais. Há registo de existência de lobos a sul do rio Douro, mas é a norte que se concentram os núcleos mais estáveis: o da Peneda-Gerês, o de Bragança-Montesinho e o de Vila Real-Alvão.
© Quinta dos Carqueijais, 2017