O encantador cão de Castro Laboreiro

Da mesma forma que a Serra da Estrela tem um cão com o qual partilha o nome, no Gerês há uma raça que representa de forma exemplar esta região. Chama-se Castro Laboreiro e traz no seu ADN traços comuns aos do local onde vive: duro, destemido, resistente, corpulento, mas ao mesmo tempo bonito e afável.

Originário da região que lhe dá o nome – a vila de Castro Laboreiro –, este é um cão de gado e também de montanha, que ao longo dos séculos tem sido companhia fiel de pastores e guardião feroz de rebanhos na imensidão do alto da serra.

No entanto, as suas caraterísticas são algo diferentes de outras raças do mesmo género. É um cão mais ligeiro, de cabeça leve mas ainda assim robusta, com uma altura que varia entre os 55 e os 64 cm e peso entre os 25 e os 40 kg.

Com tais características, pode assim ser mais ativo e resistente ao cansaço, mantendo-se em estado de alerta permanente. É capaz de acompanhar com facilidade o rebanho e assegurar vigilância apertada ao longo da vasta área onde os animais se dispersam. Sempre atento, apercebe-se imediatamente de qualquer ameaça, detetando sem demoras a presença dos predadores.

Esteve sempre a primeira linha defensiva contra lobos e, outrora, ursos, jogando a seu favor a agilidade, que lhe permitia escapar às investidas dos predadores.

De olhos oblíquos, em forma de amêndoa, orelhas triangulares arredondadas na ponta e cauda larga e grossa, o Castro Laboreiro é um animal de pelo curto (5 cms), abundante em todo o corpo, grosso, liso e resistente, sendo duro ao tato e mais macio na região da cabeça. A cor oscila entre o preto, cinza, creme ou palha.

Anualmente, em meados de agosto, a vila de Castro Laboreiro é palco do concurso canino mais antigo do país, que junta os melhores exemplares desta raça. É um evento importante para a divulgação deste animal, mas também para a sua preservação, uma vez que é nessa altura que os criadores escolhem os melhores Castro Laboreiro para acasalar.

Aliás, o número reduzido de fêmeas é motivo de preocupação. De acordo com os critérios do Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, o Cão de Castro Laboreiro tem o estatuto de “espécie em perigo”, uma vez que o número de fêmeas em idade reprodutiva registadas não ultrapassa os mil exemplares. Os dados mais recentes apontam para existência de apenas 435 fêmeas com idades entre os 2 e os 8 anos.

Pela sua beleza e pela História que carrega em si, o cão de Castro Laboreiro merece um lugar no seu roteiro, durante a próxima visita ao Gerês. A vila não é longe da Quinta dos Carqueijais, podendo o leitor solicitar direções junto da nossa receção, ou seguir as coordenadas GPS indicadas abaixo.

Localização GPS: 42° 1'48.44"N - 8° 9'30.76"O

© Quinta dos Carqueijais, 2016